• No dia 14 de abril, o ex-reitor da Universidade Nacional de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, entrou com uma interpelação na quarta vara criminal do Distrito Federal contra a estudante e militante do PSTU, Catharina Lincoln, ex-coordenadora do DCE da universidade. Atualmente, Catarina faz parte da chapa 1 (Apenas Começamos) que concorre à diretoria do DCE.
Em abril de 2008, cerca de 200 estudantes ocuparam a reitoria da UnB. Entre eles, estava a estudante processada. O objetivo foi protestar contra a situação da universidade, mergulhada numa forte crise institucional, vinculada a escândalos de corrupção e imersa num abismo antidemocrático.
O processo de ocupação desencadeou a derrubada de toda a gestão Timothy e abriu um momento de muita luta e mobilização por democracia e transparência na universidade. Foi possível conquistar eleições paritárias para reitor, um recuo da nova reitoria em relação ao projeto de expansão sem qualidade (ReUni), fim da taxa de formatura, volta das festas no campus sem repressão, entre outros.
Infelizmente, no início deste semestre, Timothy voltou a dar aulas como se nada tivesse acontecido. A partir disso, a posição do DCE/UnB, manifestada pela declaração da estudante Catharina Lincoln é que o ex-reitor deveria, ao menos, responder a um processo administrativo, aberto pela própria universidade, para responder pelas denúncias levantadas pelo Ministério Público do Distrito Federal. Mesmo não cabendo ao DCE julgar a capacidade acadêmica de Timothy, seria uma grande contradição um professor que cumpriu um papel político de corrupção e desvio de verbas públicas voltar às salas de aula.
Devemos lembrar que Timothy ocupava uma das coberturas mais caras da Asa Norte, bancada pelo dinheiro da universidade, dizendo ter uma finalidade acadêmica, além de ter transformado a UnB num grande balcão de negócios, desvinculando as pesquisas de sua função social para o monopólio de fundações privadas. Também não podemos esquecer que Timothy, articulado com o professor Naomar Monteiro, reitor da Universidade Federal da Bahia, foi o braço do governo Lula na UnB e em todas as universidades públicas brasileiras, tentando a todo custo implementar em 2007 o projeto de Universidade Nova que, mais tarde, se tornou o ReUni.
Assim, depois de ter sido absolvido de todas as acusações, não é surpresa o ex- reitor tentar processar uma estudante que faz parte de um grupo muito maior de estudantes que sempre questionou o papel político de Timothy. Esse processo é uma tentativa de virar o jogo e criminalizar um dos movimentos que teve mais apoio em 2008: o movimento de ocupação da reitoria da UnB.
Num momento de eleições para o DCE, tudo o que Timothy e seu grupo querem é desestabilizar os lutadores que defenderam e continuarão defendendo até as últimas consequências uma UnB pública, gratuita e de qualidade. Se, por um lado, a Justiça escolheu rejeitar as denúncias contra o ex-reitor, a realidade mostra que o ano de 2008 jamais será rejeitado pela história das lutas e do movimento estudantil brasileiro.